quarta-feira, 7 de abril de 2010

Política Educacional


EDUCAÇÃO E CIDADANIA NO RIO DE JANEIRO

Nosso comentário coloca em questão a certificação profissional criada para reconhecer o saber prático do trabalhador,que, por falta de qualificação e certificação fica à margem das oportunidades do mercado de trabalho. A exclusão profissional, principal causadora da exclusão social, maximiza a problemática da nossa cidade.
A política de certificação atenuaria essa exclusão?
Aqui,torna-se necessário um panorama sobre políticas públicas e globalização.
A partir dos anos 90, agências internacionais,tais como o Banco Mundial e a Unesco, disseminaram diretrizes da política educacional a ser implantada em nível global, tendo como argumentação que a rapidez das mudanças tecnológicas e os avanços em todas as áreas,estimulariam a busca permanente de atualização.
Tal proposta foi apresentada como ideal para a superação do atraso do conhecimento,saberes,habilidades e competências dos indivíduos.
Em seu Glossário ,a Unesco insere a formação técnico-profissional no campo da educação permanente e constituindo parte integrante do sistema geral de educação,devendo ser dada uma atenção particular ao seu valor cultural.
Nossa legislação segue essa proposta e disciplina a educação profissional integrada às diferentes formas de educação ao trabalho,à ciência e à tecnologia com a finalidade de proporcionar ao cidadão um permanente desenvolvimento de aptidões para a sua vida produtiva,decretando,então,que as escolas que compõem a Rede Federal de Educação Profissional,Científica e Tecnológica(no Rio, o CEFET),obrigatóriamente,deverão oferecer cursos profissionais abertos a alunos das redes municipal e estadual de educação básica,assim como a trabalhadores sem qualquer escolaridade.
É a concepção ideal de certificação,não só pela criação de um sistema nacional reconhecedor das competências para o mercado de trabalho ,como também pela recuperação das competências implícitas para o ingresso,conclusão ou reingresso no processo educativo.Todavia, o Plano Nacional de Qualificação para o Trabalho,aparentemente,está estruturado em submissão ao espírito empresarial(uma certificação que atende ao fator de produtividade ou à organização e valorização do mercado de trabalho).
Temos,então,um enorme contraste com a perspectiva da pedagogia do oprimido,desenvolvida por Paulo Freire,que tem como eixo a conscientização e a emancipação do sujeito aluno/trabalhador adulto enquanto sujeito social e coletivo,daí a necessidade de se respeitar o conhecimento que ele traz para a escola,saberes estes,apreendidos no seu dia-a -dia.
Podemos perceber que a nova educação profissional,orienta-se pelo conceito de empregabilidade atrelado às proposições econômicas e políticas dos organismos internacionais.
A rede CERTIFIC é, obviamente,uma boa proposta,porém, ainda está voltada para o ensino técnico, e, apesar de permitir o acesso de trabalhadores sem nenhuma escolaridade,não há referência ao ensino fundamental,especialmente à grande mazela, ao imenso desafio que as redes municipal e estadual de ensino do Rio têm enfrentado: o analfabetismo.
Formação técnico profissional,com analfabetismo? Cidadania com analfabetismo?


"...alguns aspectos do que nos parece constituir o que chamamos de pedagogia do oprimido: aquela que tem que ser forjada com ele e não para ele,enquanto homens ou povos, na luta incessante de recuperação de sua humanidade..."
Paulo Freire



Bibliografia
Alexim,João Lopes e Lopes,Carmem Lúcia Evangelho - A Certificação Profissional Revisitada

Cabral,Márcia Regina ;Educação e Cidadania www.webartigos.com

CEFET RJ Portal de Notícias

Constituição Federal

Ney,Antonio ;Caderno de Estudos Políticas Educacionais AVM


Freire,Paulo ; Pedagogia do Oprimido
Educação para a Cidadania

SENAI RJ www.firjan.org.br

Imagem ; Sra. Maria das Graças Paixão de Jesus recebendo sua certificação no projeto MULHERES MIL MEC SEPT


Grupo Ação Educativa

Adriana Martuscelli C. Teixeira
Daniele de Oliveira Rosa
Elane de Oliveira Rosa
Maria Margarida A. Avelar
Monica Borges Rocha




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