terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Educação e Sustentabilidade

TEMA NORTEADOR:
Educação e Sustentabilidade
 
Associação entre o Tema Norteador, o Livro “Pedagogia do Oprimido”, de Paulo Freire e a Legislação Educacional

Quanto a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira) e os três extensos artigos para estabelecer diretrizes e bases curriculares de caráter nacional, para o Ensino Fundamental e o Ensino Médio. Nos artigos 26, 26-A e 27, encontramos:

Art. 26. Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela.

Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira.(Incluído pela Lei nº 10.639, de 9.1.2003)

Art. 26-A.  Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena. (Redação dada pela Lei nº 11.645, de 2008).

Art. 27. Os conteúdos curriculares da educação básica observarão, ainda, as seguintes diretrizes:
I - a difusão de valores fundamentais ao interesse social, aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum e à ordem democrática;
II - consideração das condições de escolaridade dos alunos em cada estabelecimento;
III - orientação para o trabalho;
IV - promoção do desporto educacional e apoio às práticas desportivas não-formais.

Quanto ao Sistema de Ensino do Estado do Rio de Janeiro , por sua vez, cumprindo o seu papel de regulamentador do ensino fundamental e do ensino médio no âmbito estadual, estabeleceu suas próprias diretrizes curriculares estaduais, através Resolução SEEduc 4.359/2009.
 
Após as leituras dos artigos e legislações pertinentes, e a relação dos Artigos 26 e 26-A da LDB, Resolução SEEduc número 4.359/2009 e o capítulo 3 do livro “Pedagogia do Oprimido”, de Paulo Freire, compreendemos que a Educação pode (e deveria ser) utilizada como um instrumento de transformação. Desta forma, é importante refletir sobre o atual papel do professor na sociedade, haja vista tantas transformações do contexto vivido. Apoiar-se em teóricos renomados como Paulo Freire, por exemplo, é importante pois o autor mencionado entende que o profissional da educação tem um papel eminentemente político a desempenhar, educando para a transformação da sociedade atual, tendo em vista uma educação igualitária e com qualidade para todos.
Educadores e educadoras precisam engajar-se social e politicamente, percebendo as possibilidades da ação social e cultural na luta pela transformação das estruturas opressivas da sociedade classista. Para isso, antes de tudo necessitam conhecer a sociedade em que atuam, e o nível social, econômico e cultural de seus alunos e alunas.
Entender a forma que o curso de pedagogia foi regulamentado no Brasil se faz necessário a compreensão de como essa mentalidade, mesmo que de forma implícita, ainda permeia o agir de educadores e educadoras no momento atual, pois, como nos aponta Sany Rosa (2000), a formação do profissional da educação não se inicia, ao contrário do que se imagina, quando esse ingressa em um curso de formação de professores, mas sim desde o primeiro dia em que esse ingressa na escola como aluno. Suas representações e significados de educação, vivificados enquanto estudantes, são muito mais influenciadas pela sua vivência escolar do que com as teorias que venha a entrar em contado em sua formação acadêmica.

A Resolução vem de encontro a LDB na medida em que tenta conciliar estes alguns aspectos descritos por Freire, permitindo que a escola além dos conteúdos obrigatórios possa também acrescentar questões que contemplem suas especificidades, no que tange ao planejamento, elaboração e execução das atividades, contribuindo assim para a construção da consciência crítica dos alunos , contemplando assim a dimensão política do ato de educar.

“Educar é um ato político” (Paulo Freire)

Sendo assim, precisa-se refletir sobre a urgência de criar-se nas escolas um ambiente que dê conta dessas transformações sociais, pois é nessa sociedade que alunos e alunas vão interagir, e, quem sabe, como idealizava Paulo Freire, provocar transformações que levem a um bem viver coletivo.

Como pode o educador assumir um papel dirigente na sociedade se na sua formação o todo social resume-se a uns poucos conhecimentos de métodos e técnicas pedagógicas ou a uma história da educação que se perdeu no passado e nunca chega aos nossos dias? Como pode uma nação esperar que as novas gerações sejam educadas para o progresso, o desenvolvimento econômico e social, para a construção do bem-estar para todos, sem uma sólida formação política?

Apesar do ato político estar tão presente na fala de Gadotti, assim como na de Paulo Freire, ambos não reduzem o ato pedagógico ao político, mas concordam que, apesar da política não dar conta de toda a complexidade pedagógica, ela não deve ser ignorada na esfera educacional.

Ao novo educador compete refazer a educação, reinventá-la, criar as condições objetivas para que uma educação realmente democrática seja possível, criar uma alternativa pedagógica que favoreça o aparecimento de um novo tipo de pessoas, solidárias, preocupadas em superar o individualismo criado pela exploração do trabalho. Esse novo projeto, essa nova alternativa, não poderá ser elaborado nos gabinetes dos tecnoburocratas da educação. Não virá em forma de lei nem reforma. Se ela for possível amanhã é somente porque, hoje, ela está sendo pensada pelos educadores que se reeducam juntos. Essa reeducação dos educadores já começou. Ela é possível e necessária.

CONCLUSÂO

Espera-se que os profissionais da educação acreditem nessa força e desejem realmente participar da construção de uma nova educação para um novo mundo. Uma educação voltada para a educação ambiental e a educação para um desenvolvimento sustentável é importante pois o conceito de sustentabilidade propõe um novo modo de pensar e agir em relação aos recursos naturais do planeta e ao futuro da espécie humana. Na verdade, traz embutida a proposta de um novo modelo de civilização centrado na reorganização dos processos de produção e na revisão das prioridades de consumo da sociedade, buscando assegurar a continuidade da vida. Uma nova utopia, desafiadora utopia...

A inclusão social e da humanização da educação, à luz das teses, reflexões e considerações de Paulo Freire no livro “Pedagogia do Oprimido”, nos remete a pensar que traçando um paralelo com a questão da sustentabilidade a escola deve assumir o compromisso de transformar e modificar ações simples e muito importantes de sustentabilidade, através do uso responsável de recursos, no consumo de energias, na manutenção dos equipamentos, na utilização dos materiais, com a qualidade de vida e do ambiente escolar. Devem-se levar os alunos, os profissionais, a comunidade, enfim todos os atores do cenário educativo a se perceberem no mundo de forma a lidar com as questões ambientais, despertando o desejo transformador do seu próprio modo de viver, de interagir com os recursos existentes. A escola é o lugar privilegiado para que essa percepção aconteça.


Referências Bibliográficas:
Rosa, Sanny S. da (2000): Construtivismo e mudança, São Paulo, Cortez Editora.

Grupo Opção: Leiliane de Oliveira , Isabella Carneiro da Rocha e Alexandra Rosa Garcia Fernandes
Disciplina: Legislação Educacional - 2º período - 2010